As peças mostram que os envolvidos no escândalo não se entendiam quando o assunto era a repartição do dinheiro desviado, uma testemunha-chave revelou para a polícia que Humberto Coutinho, na época prefeito de Caxias, operava no esquema de desvio de dinheiro ameaçou trancar metade do dinheiro, se não recebesse de volta em espécie, o valor sacado do seu município.
A quantia a ser desviada pela prefeitura de Caxias foi à forma de convênio, no valor de 500 mil, que seria destinado para compra de medicamentos e material hospitalar. Humberto Coutinho (PDT), hoje presidente da Assembléia Legislativa do Maranhão, deveria acrescentar R$ 50 mil, e licitar uma compra de R$ 550 mil. No processo de licitação uma empresa fantasma foi a vencedora.
A testemunha revelou que era contador de Aderson Lago, e disse que o desentendimento entre Anderson Lago e Humberto Coutinho se deu por conta de que Humberto exigiu o retorno de 50 mil. “O combinado era que esse dinheiro retornaria para ele” disse a testemunha. Aderson após receber 250 mil, disse que não devolveria nada, e então o atual presidente da Assembléia Legislativa do Maranhão, retrucou dizendo que não repassaria o restante do dinheiro.
Ainda de acordo com a testemunha, outro acordo não cumprido, diz respeito ao volume de mercadoria comprada e entregue à Saúde de Caxias. O contador disse que o acordo era de, pelo menos R$ 100 mil, mas que Aderson só comprou R$ 20 mil, e então Humberto Coutinho, ainda prefeito de Caxias, não descobriu que foi enganado porque quem recebeu as compras foi o servidor Renê Simões, que tinha envolvimento com Aderson Lago e que também acabou indiciado pela polícia. Fragmentos das paginas 89,90 e 91 do volume 1 do Inquérito Policial 008/2009 CICCEE do depoimento do contador de Aderson Lago
“…QUE, esclarece que no momento de celebrar o convênio com o Estado, a Prefeitura de Caxias/MA, na pessoa do Prefeito HUMBERTO COUTINHO, exigiu de ADERSON LAGO que fosse, pelo menos, fornecido, dos R$ 550.000.00 (quinhentos e cinqüenta mil reais) do convênio, R$ 100.000,00 (cem mil reais) em mercadorias; QUE, ADERSON LAGO, a princípio aceitou, dizendo que assim que HUMBERTO COUTINHO efetuasse o pagamento para a P. R. Cardoso forneceria os R$ 100.000,00 (cem mil reais) de mercadoria, porém ADERSON LAGO mudou de idéia e apenas determinou ao declarante que levasse R$ 20.000,00 (vinte mil reais), produtos que este transportou em seu próprio veículo, os quais foram entregues para o senhor RENÊ SIMÕES, em um dos postos de saúde daquela cidade; QUE, o prefeito HUMBERTO COUTINHO também exigiu de ADERSON LAGO, que lhe fosse devolvido a contrapartida, os R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais) que caberia ao município, no entanto ADERSON LAGO fez objeção em devolver esse valor e por conta disso HUMBERTO COUTINHO disse que só depositaria na conta corrente da empresa P. R. Cardoso os valores restantes das duas parcelas do convênio, R$ 125.000,00 (cento e vinte e cinco mil reais) cada, após receber os R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais) da contrapartida, e só então ADERSON LAGO concordou, sendo sacado nesta capital e entregue para HUMBERTO COUTINHO na cidade de Caxias/MA...”
Há poucos dias o juiz da 3a. Vara de Caxias enviou o caso para o Tribunal de Justiça do Estado, porque agora Humberto Coutinho é deputado estadual, e a sua situação lhe confere foro privilegiado.
“Ópera Prima” é o nome dado pela imprensa a respeito do esquema de desvio de recursos da Saúde do Estado, por meio das prefeituras de Caxias e Mata Roma, para as contas bancárias de Aderson Lago, ex-secretário chefe da Casa Civil do governo Jackson Lago, e dos seus filhos Aderson Lago Neto e Rodrigo Pires Ferreira Lago. Com informações Wendel Oliveira/ Direto da Redação.